Sindrome do Ninho Vazio

 7 de setembro 





A Sindrome do Ninho vazio exige uma metaforfose


Da varanda do 303, observo a lua que está linda, é noite de lua cheia e  teremos o eclipse lunar por volta das 23h12 e 23h43, assim informa, o senhor Google, e por um momento penso no meu filhote mais novo, aquele  que adora tirar fotos da lua, sempre fui mãe coruja, daquelas que só tem olhos para os filhos. 

Hoje, contudo, me transformei numa mãe águia que permite aos filhos voarem e a presença deles está apenas no meu coração. Confesso que aqui um nó se formou na minha garganta ao digitar esta reflexão. 

Ser mãe coruja significa manter debaixo das asas, proteger de tudo e de todos. Contudo, proteger demais fragiliza e os torna dependentes demais e nem sempre estarei aqui para colocá-los debaixo de minhas asas. 

 O que  seria imprudência, pois ao  cuidar demais podemos  perder a mão e de alguma  forma   subjugar, manter preso é o mesmo que  cortar-lhes as asas.

Entretanto,  meu amor é  racional e jamais faria isso com eles. Por isso, deixei-os ir. Ademais,  acredito na educação que dei a eles e no potencial dos meus filhos, de   conseguirem resolver qualquer situação que a vida apresentar-lhes. Eles com certeza irão enfrentar  desafios e também alguns grandes obstáculos, sei disso.

Entretanto, sentir o prazer de se sair bem das situações ou até mesmo de errar e corrigir seus erros é um direito que lhes cabe, pois isso significa viver em plenitude. Acredite, isso não significa abandono e sim, confiança, eu não seria uma boa mãe se os prendessem debaixo de minhas asas, quero observar seus altos voos, se caírem, com certeza, terão forças para levantar, pois, eu sei que Deus estará presente na vida deles. 

Foi assim, observando a lua cheia  que percebi que de coruja passei a ser mãe águia, pois, deixei meus filhotes livres para voar e viver com plena  liberdade. Sei que eles estarão para sempre guardados no meu coração, confio na capacidade dos meus filhos e na proteção divina. 

Mudar de coruja para águia foi necessário uma verdadeira metamorfose, confesso que foi doloroso ver meu ninho vazio. Hoje subo na mais alta montanha da minha fé e agradeço a Deus por me ensinar a deixar voar. Eu sempre estarei aqui, com meu afeto,  para acolher debaixo de minhas asas, quando precisarem.

Mães, acredito que deixar voar é a maior prova de amor materno. 

Por: Sonia. M.A.


 17 de setembro 



A importância do contexto 


Da varanda do 303, observo  correr pelo asfalto quente um grande lagarto sendo perseguido por uma andorinha, que levanta voo alto e retorna com toda velocidade e bica a cabeça do lagarto, repetindo isso por diversas vezes, eu acho interessante o espetáculo, uma vez, que ele não reage contra  e continua a correr buscando uma moita ao lado do meio fio para se proteger, a andorinha corajosa continua a investir sobre ele, atacando a cabeça e as vezes o rabo do Teiú.

Eu nunca pensei que uma andorinha poderia ser tão briguenta, ela não desiste e continua a perseguir o pobre, que com suas pequenas patinhas corre desesperadamente em busca de refúgio, até que ultrapassa, por uma fresta o muro que dá para chácara vizinha, a andorinha por sua vez,  voa  bem alto e pousa em cima da copa de uma grande árvore e fica observando atentamente tentando encontrar o lagarto que já se escondeu no matagal.

As divergências e conflitos existem  em todos os reinos dos  que buscam a sobrevivência, contudo, eu passei a divagar sobre o porquê da  andorinha estar tão irada  com o lagarto?

Algumas suposições  surgem em minha mente:  será que ele comeu seus ovos? Atacou seus filhotes? Eu não conheço muito de biologia e desconheço a cadeia alimentar do lagarto, mas ao observar fiquei com pena da humilhação do pobre, e acabei por fazer um pré-julgamento, fiquei com pena do dito cujo, afinal , quem  está atacando é a andorinha que apesar de ser singela estava muito irada e ataca de maneira implacável. 

Eu prejulguei baseado na violência excessiva,  parecia ser um ataque  sem fundamento. A partir do momento que  comecei a refletir sobre o porquê de tal atitude, passei a pensar na importância de conhecer o contexto, antes de julgar.

O ataque  parecia díspares, assim, sem entender o contexto, meu julgamento foi leviano, quem era a verdadeira vítima? Qual foi o fato que gerou tamanha ira a ponto de gerar uma ataque de  violência. 

Nem sempre quem apanha é a verdadeira vítima, precisamos ficar atentos, pois, toda ação produz uma reação. O que gerou tamanha ira na singela e raivosa andorinha? No entanto,  quem partiu para  violência foi ela, seu ato violento tirou-lhe toda razão, diante do senso comum.

Esse momento me fez recordar de um conflito que presenciei no paraiso das letras, porém optei por não tomar partido por não entender todo contexto. 

Todos nós  seres vivos  têmos as nossas  lutas,  quem olha de fora, não têm o domínio para julgar  uma situação, eu bem sei. Contudo, não me  julgue por tomar partido do pobre lagarto, de fato, não sei se ele  tem razão. 

Não, por favor, não julgue sem ler o texto e entender o contexto, isso é apenas uma pequena reflexão.

Quem de fato é lagarto ou quem é de fato é  singela andorinha? Quem de fato tem a razão, eu, o lagarto, ou a andorinha?  Será a vírgula? Será o ponto? Quem será? Quais são suas lutas e suas dores?

Não, é apenas uma reflexão, ou apenas  uma questão de interpretação. 

Por Sonia Maria Alves.


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